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8 de jan. de 2009

a estética do novo.

Prentende-se desvelar algo novo sobre a ideia do novo, que elucidaria novos pontos de vista.

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Prentende-se um exercício de afastamento de uma mesmice crítica já bastante difundida e bastante gasta de que o novo não existe. Não se trata aqui de discutir se a novidade é uma impossibilidade, ou se de fato o novo é apenas alguma cópia transformada. Esse pensamento não nos ajuda, pelo menos não agora. Se partirmos desta forma gasta de pensar o novo, ele seria sempre, antes de qualquer coisa, uma cópia, depois novidade. Valida-se, então, uma cópia deliberada, afinal o que existe para se criar? Nada.  Ok, concordamos com isso, até um certo ponto. Isso é 'pano pra manga' em discussões de direitos autorais, em tempos de samplers, músicas e na criação de propriedades privada sobre tipos de conhecimento.
O interesse aqui é pensar no que representa a novidade? Quais são os aspectos úteis da novidade que podem inserir o seu trabalho no mercado de arte? Não seria melhor que o seu produto criasse um mercado próprio? Como seduzir esse mercado ainda inexistente? 
A grande pergunta no fundo, resume-se em: Como vender o peixe?

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A novidade causa excitação, um desejo incontrolável de ter coisas, de consumir, talvez este seja o lado negativo tão combatido em discursos contra a estética da novidade. 
Por outro lado é o prazer da descoberta do novo que nos suscita uma vontade de experimentação, de pesquisa, de relativizar e pormenorizar nossa memória, esse parece um aspecto inerente à condição humana. A experimentação.
Então, deseja-se desvincular a novidade daquilo que se apresenta como a solução das soluções, a utopia, o lugar impossível, para tal, utilizariamos de certos parâmetros da novidade, que devem ser úteis e nos ajudariam na construção de um mercado, na formação de público. 
Mas qual a melhor maneira de se formar público consumidor? Basta apenas colocá-lo no teatro aos montes, caravanas de ônibus que invadem o teatro, isso não seria um público de fachada? Vá de graça ao teatro, compre a sua pipoca e volte pra casa feliz, consumidor de cultura ...

No fundo, somos consumidores de cultura, assim como consumidores de cereais, manteiga, ervilhas, produtos de limpeza. E tudo bem, tudo bem?

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O artista deveria criar uma espécie de 'marketing' pessoal. Saber seduzir seu espectador, o crítico, a imprensa, a classe. É sabido que muitos artistas querem mais é perturbar o público, mas essa não é, obviamente, uma clássica opção de 'marketing' pessoal? Afinal na corrida mercadológica, não importa como falam apenas que falem, melhor ainda se não pararem de falar.

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Venâncio (1980), revela que é perfeitamente natural um artista se posicionar perante o passado recente da história para situar sua obra e sua pesquisa. Esta maneira de pensar, não desvaloriza o passado, mas agrega uma diferença nele, uma novidade. Justamente porque é impossível qualquer novidade, principalmente em arte, quando o sujeito desconhece sua história de seu próprio país. 
Segundo Rosalind Kraus, "o novo é mais fácil de ser entendido quando visto como uma evolução de formas do passado", na história da arte esta é uma atitude bastante esgarçada do artista que se sobrepõe ao que já foi feito. Desta maneira o jovem artista criaria o seu próprio paradigma a ser quebrado e o faz. Assim como a Apple criando ipods que logo serão substituídos por outros. Surge, portanto, um mundo onde no amanhã está sempre a solução para o que existia ainda ontem. Neste caso o presente é uma mera ficção. O presente nem entra em pauta. O presente torna-se rapidamente passado, muito distante. 

FILHO, Paulo Venâncio. “Lugar Nenhum, o Meio de Arte no Brasil”. In: Basbaum, Ricardo (org.). “Arte Contemporânea Brasileira”. Rio de Janeiro. Contra Capa Editora, 2001. 
KRAUSS, Rosalinda. "A escultura no campo ampliado". Revista da Gávea nº1.
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Existe uma maneira de divulgar uma nova ideia que não seja por discurso 'apaixonado', sedutor, que se renda aos conhecimentos platônicos de retórica? 
Pinker em seu livro "Do que é feito o pensamento" critica Lackoff justamente por ele prôpor, quase que messianicamente, uma outra hipótese contra as metáforas cartesianas hegemônicas que separam corpo e mente, fora e dentro, que associam relacionamentos a viagens.
Diz Pinker que Lackoff quebra este paradigma filosófico ainda utilizando elementos discursivos de sedução, tão caros aos ideiais platônicos de mundo. 
No entanto, qual seria então a solução mais branda? 
Pinker nos oferece algo próximo disso quando discute tal assunto no seu livro, mas seria esta uma maneira capaz de seduzir o maior número de indivíduos, como fez Lackoff? 
Conhecimento é algo que nos seduz apenas na sua verdade bruta e crua, ou por apresentar-se de também de forma sedutora? 
Quando aprendemos algo não é natural ficarmos apaixonados? 
Um pesquisador que é capaz de ficar horas e horas estudando não está justamente apaixonado por aquilo que faz?